sábado, 17 de outubro de 2009

em tempo

Uma senhorinha, muito firme, com olhar intenso, de média/baixa estatura, cabelo meio engruvinhado que nem o meu, acinzentado pelo tempo e bastante ajeitadinho, me parou na sessão horti do supermercado. Eu, naturalmente destraída para o meu redor, concentrada no mamão ao som regional preso nos meus ouvidos, mal a enxerguei. No entanto, tão intensa que ela era, depois de uma fração, consegui decodificá-la ao meu lado que já dirigia-se a mim a alguns minutos. Larguei o fio da orelha e sorri. De cima a baixo, olhou-me e sem hesitar perguntou: "Você né daqui não, né?". Acostumada com esse tipo de análise, respondi e me dediquei àquela conversa passageira. Em seguida, parti para a sessão de limpeza. Olha ela lá também, mas ia atrás de macarrão... Desta vez, me apresentou à sua amiga - essa já tinha tinta vermelha no cabelo, batom e ruge entre as marcas de seu rosto - e fez questão de dizer que eu estaria prestes a casar e a ser mãe (!); no momento, passou uma conhecida e soltou meu nome pelo ar... A velhinha, muito querida, já indo embora para a sessão correta atrás de seu mantimento, provou ter a audição ainda bem apurada e concluiu: "e ainda por cima tem um nome lindo!". Acho que quando eu estiver na mesma idade que a dela, serei desse jeito. Afinal, dizem que quando envelhecemos diminuímos de estatura.

Um comentário:

Daniel Passos disse...

muito bom, kel! =] muito bom mesmo.. real e revelador..