segunda-feira, 2 de novembro de 2009

t a r p í c u l a s 2

Noite. Teatro. Frio.
Arrogância, disciplina e ideologia.
Do relógio não ouvia-se nada, apenas a voracidade de seus olhos que gritavam ao enxergá-lo. Não era tanto, o frio parecia acobertar as sensações, os sonhos e desejos. Naquele rosto, um capuz, onde a barba e sorrisos respiravam tenebrosos, de modo como quem sabia que sorria por sorrir. Na janela, uma revolução acontecia. Comunistas lutavam pelo espaço que a burguesia, por sua vez, tentava torná-lo propriedade a todo custo, mesmo com pouca propriedade; os comandados obedeciam. No entanto, carvões tomavam lugar dos muros fétidos das repartições moribundas, e o sorriso, sobretudo, tomava conta do capuz e de todo o tapete da sala de estar daquele aparelho rastreado. Era como se nada houvesse da cortina para lá, a única cena que valia à pena assistir era o de seus corpos, sob uma dança feita com vestidos de lunetas, passado, presente, particípio e sendo o mistério do planeta...

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