quinta-feira, 24 de junho de 2010

nova graduação - do tipo suicída

(p.s.: Prepara-te, devaneio é assim mesmo).


Até que ponto deve-se interferir no ponto de vista de pessoas que você admira? Quando existe liberdade de expressão o suficiente para dizer o que se pensa, sem refletir sobre as possíveis (e talvez previsíveis) consequências? Ou quando existe algo que te faz envolver-se demasiadamente e por esse motivo existir, você acaba exprimindo toda sua opinião? Me questiono se ainda não há uma graduação para ensinar tais modos.

Seja em relação a um caso amoroso, a uma dúvida do que é prioridade e à questão de afetividade, você, enquanto possuidor de laço fraterno com outro indivíduo, acaba se posicionando fervorosamente sobre o dilema que estiver em pauta (ou não). No instante da conversa, a questão não é solucionada, embora também não seja discutida em vão. A problemática reside em si a partir do momento em que existe respeito e gratidão à pessoa em questão e você, o terceiro personagem, começa a querer narrar a história do ponto de vista que seja o mais respeitável e digno possível, com um viés direcionado ao bem desse outro indivíduo. A trama não envolve pessoas estranhas (pelo contrário!), trata-se daquele seu amigo de todas as horas (como queira interpretar). Do sorvete na esquina em um dia chuvoso, à risadas aleatórias em situações (in)apropriadas. Seria, portanto, alguém de prestígio. E você poder acompanhar a trama de perto e longe é esquisito - ainda mais por ter a responsabilidade em emitir uma opinião que trata da persona deste amigo, irmão, qualquer um da árvore genealógica, bróder, coligado, mano, truta, fuckdjunqs, enfim, trata-se da felicidade (ou não) dessa criatura.

Pede-se o seu ponto de vista.
Você emite opinião. E a partir do momento em que você percebe que este posicionamento interferiu (ou não) no andar da carruagem da trama, sim, se você for ser humano de verdade, o seu coração aperta por conta da expectativa. O papel da amizade não extingue nenhuma palavra do vocabulário, é fato. O amigo interrompe o pensamento do outro para mostrar o que pensa e avalia ser certo e justo para que este, por sua vez, pondere. O coração, a alma, a mente, o ouvido de ninguém é pinico, eu sei. Mas se você foi designado a dizer o que pensa... E aí? Graduar-se na faculdade de Abstenção dos Problemas Inter-Pessoais do Seu Próximo seria o caminho? Solução pequena, mesquinha. É preciso fugir desse tipo de sala de aula, com urgência clínica. Abster-se a algo quando se trata de amizade - seja ela conjugal, familiar ou inter-pessoal - é assinar um documento suicída. E acredito.

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